domingo, 19 de agosto de 2012

Todos sucumbimos às ideias da sociedade

Eu não mudei. Pra dizer a verdade, entre os meus amigos, eu sou a única que continua como sempre. Foram as pessoas a minha volta que mudaram, e eu resolvi não mudar com elas. Vivo sobre o nome de Criança Atemporal, uma criança que não muda com o tempo. Já houve dias em que eu quis, desesperadamente, voltar para onde as coisas faziam sentido. Tudo era como deveria ser. Aqueles anos que se foram, aqueles dias que passaram...
Sou a menina dos anos 90, que veio parar aqui, por algum motivo. Não adianta querer saber qual, se eu não posso mais voltar.
Quando eu era pequena, o meu jeito de ser fazia jus ao meu tamanho. Eu tinha uma imaginação fértil e podia pô-la para funcionar. Eu era livre para ser quem era, e não havia ninguém que ousasse me criticar. Crianças são assim... Elas são assim mesmo...
Mas conforme eu cresci, a sociedade exigiu que eu mudasse. Exigiram que eu me interessasse por meninos, e que não achasse beijo nojento. Exigiram que eu parasse de brincar de boneca e deixasse minha criatividade de lado. Eles queriam que eu fosse como eles, cascas vazias e sem vida. Eu não podia deixar que me tomassem a minha vida. Mas eles me perseguiram, eles me encurralaram e procuravam novas maneiras de me frustrar.
A sociedade não desistiu, até tirar de mim todo o meu entusiasmo e alegria. E eu era como eles, uma casca vazia.
Não se importando com como eu iria me sentir depois de tudo isso, eles foram além do que previram. Todos  sucumbiram tão rapidamente, que era isso que eles esperavam de mim. Mas, ao ver que eu não me entregaria facilmente, viraram-se contra mim. Me atiravam pedras em forma de palavras. Me criticavam para que eu me tornasse um deles.
A menina cheia de vida, que não mudou nadinha, virara a maluca desvairada que não quer crescer. A criança imaginativa e alegre, de quem todos gostavam, era agora, um ser incomum entre todos aqueles iguais. E ela foi-se embora, para que aqueles não pudessem feri-la mais.
Por isso, agora, não me procurem, não esperem que eu seja uma criança vivida. Sou mais uma, igual a vocês, uma adulta frustrada pela vida. Nunca diga que eu mudei, quando você não é mais o mesmo. Dou parabéns a vocês, por terem conseguido mais uma alma renegada pela paz.

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