sexta-feira, 5 de abril de 2013

A Última Vez que Eu Brinquei de Boneca

Sempre gostei de brincar, como qualquer criança normal. Acho que brinquei de boneca até os 11 ou 12 anos. É claro que nesse período eu não tinha ideia do porque brincar de boneca estava ficando tão chato. Eu sempre chamava uma amiga. Escolhíamos as bonecas, arrumávamos a casa, estávamos prontas para brincar, mas sempre acabávamos desistindo antes de começar.
Depois que virei adolescente tentei continuar brincando. Lembrava de quando perguntava às mulheres adultas o porque de elas não brincarem mais e nunca pude entender. Uma vez aos 9 anos eu disse: "Sempre vou brincar de boneca", foi como uma promessa, e eu estava tentando não quebrá-la.
Apesar de não conseguir mais brincar, aos 14 anos decidi escrever um piloto para uma série de TV. Eu precisava de atores, e infelizmente meus amigos não estavam disponíveis (nunca mais estiveram depois de 2006), então decidi escalar minhas bonecas.
A série era sobre uma família, irmãs na verdade, elas moravam juntas na cidade grande. Não lembro bem a história que escrevi porque parei na metade. Era 24 de agosto de 2008, minha prima chegou com o filho dela, ele ainda era bebê e aquela era a primeira vez que eu o via. Depois disso não escrevi mais.
Aos 17 anos, porém, um ano depois de assistir Toy Story 3, decidi que daria minhas bonecas. Não todas, claro, por isso eu tinha que escolher quais ficariam comigo, quais iriam para a casa da minha prima mais velha, que tinha 10 anos, e quais iriam para a minha prima mais nova. Ao olhar para elas, para cada uma delas, e lembrar de como elas eram, quem era irmã de quem, quem era a mãe, quais eram as filhas... Lembrei de como eu brincava quando era criança e estava sozinha. Minhas bonecas sempre tinham o mesmo nome e pertenciam às mesmas famílias. Infelizmente tive que separar algumas delas. Mães foram, filhas ficaram, e vice-versa. Era uma despedida, precisava ser encenada corretamente. Foi então que elas choraram, abraçaram-se, disseram adeus e foi tudo feito por mim, interpretado por mim, mas sentido por elas. Foi então que eu percebi que tinha brincado uma última vez. Pude me despedir, tipo assim, que nem... em Toy Story 3. :')

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